Farmacêuticos Millennials: consultoria para Farmácias
Data de publicação: 22 de julho de 2019
Para propagar o trabalho de jovens talentos farmacêuticos, suas áreas de atuação e as novidades do mercado de trabalho, o CRF-PR lançou a editoria “Farmacêuticos Millennials” na última edição da “O Farmacêutico em Revista”. Dando continuidade ao projeto, desta vez, conversaremos com um farmacêutico que percebeu uma oportunidade em um mercado que precisa de auxílio há muito tempo. Investindo em “consultoria para Farmácias”, Dr. Eduardo Valério identificou, na própria pele, as dificuldades que um farmacêutico proprietário passa para firmar um estabelecimento como bem-sucedido em suas diversas esferas de atuação.
Dr. Eduardo Valério é especialista em gestão e finanças, já gerenciou mais de 300 projetos de consultoria para Farmácias Comunitárias em todo o Brasil, estabelecimentos dos mais diversos faturamentos e realidades, inclusive independentes a redes que hoje contam com faturamento de milhões. Com seu longo trabalho e apenas 32 anos de idade, o profissional tem ajudado a centenas de farmacêuticos proprietários a entenderem que mais do que vender ou ter lucro, é preciso gerar caixa. Dr. Eduardo também é Business Coaching e atua com gerenciamento e cultura de equipes com foco em resultados. Ademais, está percorrendo o estado do Paraná com o curso “Gestão Farmacêutica”, uma parceria entre o CRF-PR e Conselho Federal de Farmácia (CFF), junto com o Dr. Victor Costa, para capacitar os farmacêuticos sobre como gerir o seu próprio negócio de forma eficiente. Confira a entrevista:
Dr. Eduardo Valério - Farmacêutico especialista em gestão e finanças, Eduardo já gerenciou mais de 300 projetos de consultoria para Farmácias em todo o Brasil. Tem ajudado a centenas de estabelecimentos a entenderem que mais do que vender ou ter lucro, é preciso gerar caixa. Dr. Eduardo também é Busines Coaching e atua com gerenciamento e cultura de equipes com foco em resultados.
Como você percebeu que a área de ‘consultoria para Farmácias’ seria um bom caminho?
Eu senti muita dificuldade quando abri minha Farmácia, pois não existiam muitas informações sobre gestão sobre esse ramo disponíveis. Por mais que eu procurasse, não conseguia muita informação prática sobre o tema. Como nossa formação como farmacêutico é muito técnica, o foco no dia a dia acabava sendo as atividades operacionais (que fazem a farmácia funcionar, como vender, cobrar e comprar), e isto tornava cada vez mais difícil a minha situação como proprietário do estabelecimento. Eu não olhava para os números de minha Farmácia, não treinava meus colaboradores e, em consequência, acabei me tornando mais um funcionário da minha própria Farmácia. Isso me deixou muito frustrado, pois não conseguia realizar o sonho de fazer o estabelecimento ter bons resultados e gerar lucro. Tomei a decisão de vender a Farmácia e depois dessa experiência, fui buscar conhecimentos de gestão, pois não queria viver aquela experiência frustrante novamente. Acabou que esse processo me fez trabalhar em algumas empresas de consultoria, onde consegui ainda mais experiência. Hoje tenho a minha própria empresa de treinamentos e consultoria, voltada para Farmácias.
Como farmacêutico, você acredita que sua vivência profissional ajudou neste segmento que pode ser dominado por outras profissões?
Vejo que sim, pois com a formação, tenho uma clareza maior sobre a parte técnica do nosso negócio. Desta forma, consigo trazer muitos detalhes da área da gestão, adaptados para a realidade do dia a dia das Farmácias, tanto na parte de controle de estoques, elaboração de uma precificação ou como trabalhar uma oferta. Enfim, é fundamental entender a parte regulatória das Farmácias, para poder maximizar os seus resultados de forma ética. Caso contrário, ao invés de trazer benefícios, o trabalho pode trazer mais dor de cabeça.
Por que focar seu trabalho em consultorias para Farmácias Comunitárias?
Sou apaixonado pela nossa profissão e principalmente pelas Farmácias Comunitárias. Elas estão mais próximas do paciente no dia a dia, tem maior interação e atenção e possuem um atendimento humanizado. Acredito que essa é a parte mais nobre da nossa profissão, cuidar bem dos nossos pacientes. Porém, pela falta de conhecimento, percebo que a maioria dos donos de pequenas e médias Farmácias vêm sofrendo com o atual cenário do varejo farmacêutico. Essa falta de conhecimento gera resultados ruins em seus estabelecimentos, o que os obrigam, muitas vezes, a desistir de seus sonhos de empreender e atender bem a população. Por esse motivo, decidi pegar todo meu aprendizado e dedicá-lo a ajudar esses proprietários a tornarem empresários. A minha missão é trazer eficiência operacional para o nosso varejo, tornando o mercado mais competitivos e prósperos.
Qual a sua opinião sobre o mercado atual das Farmácias?
É extremamente competitivo e não possui muitos impeditivos para a entrada de novos concorrentes, tornando o mercado ainda mais hostil e difícil. Houve um tempo em que o cliente pagava pela falta de eficiência dos proprietários de Farmácia, pois a concorrência não era tão grande e o mercado não era tão regulado quanto é hoje. Hoje em dia, o paciente tem o poder de escolha, ele pode atravessar a rua e ir em outra Farmácia, então, o poder da decisão está nas mãos deles. Por esse motivo, os donos de pequenas e médias Farmácias precisam ter eficiência operacional, pois o paciente não paga pela má administração da Farmácia, que gera funcionários despreparados, falta de estoque, preços elevados, entre outros itens, que ninguém está disposto a pagar.
O que o farmacêutico empreendedor deve fazer para alavancar o seu negócio?
Garantir a eficiência operacional de sua Farmácia deve ser o foco do farmacêutico nos dias de hoje. Isso está ligado a desenvolver processos internos, garantindo que toda a equipe domine as ferramentas através de treinamentos constantes, definir metas de resultado, acompanhar as atividades delegadas, fornecer feedbacks constantemente e olhar para os números de sua empresa. As decisões devem ter embasamento, não se deve tomar providências com base em achismo ou simplesmente porque o concorrente está ou não fazendo. Resumindo, o farmacêutico empreendedor deve conhecer o seu negócio melhor que qualquer um.
Você acredita que um negócio pode mudar de rumo a partir da mudança de atitudes do gestor?
Costumo dizer que o problema da Farmácia não é a falta de dinheiro, não é a equipe ruim e não é a falta de produtos. Esses são sintomas do verdadeiro problema. A Farmácia é o reflexo do proprietário, portanto, o problema, no final do dia, está nas decisões que o dono tem tomado, pois os resultados de hoje, são reflexos das atitudes de ontem. Tendo isso em mente, sim, acredito muito que a mudança de atitude do gestor trará mudanças nos resultados da Farmácia.
Como ajudar o farmacêutico a entender o lucro e a importância da assistência farmacêutica?
Acredito que isso também não é muito difícil, pois se olharmos para as grandes empresas, todas elas têm uma gestão financeira de excelência, o que leva a ter uma certa previsibilidade em sua lucratividade e norteia as tomadas de decisão. Portanto, se quem cresce faz isso com consistência e com qualidade, é importante para o negócio, certo? Além disso, eles têm trabalhado muito a capacitação dos farmacêuticos para a assistência farmacêutica, inclusive desenvolvendo projetos de implantação de consultórios farmacêuticos, pois estão entendendo a necessidade de estar mais próximo da população. Neste momento, é preciso criar novas fontes de receita. Como esse é o comportamento dos grandes players do nosso mercado, já demonstra a grande importância destes temas para todas as Farmácias.
Dá para enriquecer sendo farmacêutico proprietário e a Farmácia consolidada como um estabelecimento de saúde?
Nesse ponto, é importante entender que ser rico é um conceito que pode ser interpretado de várias formas. Tenho clientes que estão felizes com uma retirada mensal de R$ 2.500,00 e clientes que retiram mensalmente R$ 50.000,00 e ainda querem crescer mais. Portanto, se falarmos de ganhos financeiros, a Farmácia é sim um bom negócio, pois um estabelecimento bem gerido, em média, tem uma margem de lucro operacional entre 10 e 15%, o que, se comparado com as grandes redes, e outros varejos, é uma margem de lucro atrativa. Quando o farmacêutico agrega serviços, ou seja, trabalha com atenção farmacêutica e consulta, ele consegue deixar a sua Farmácia ainda mais rentável, pois o bom atendimento traz não só novas fontes de receita, mas também uma relação mais confiável com os clientes, o que faz com que eles retornem com mais frequência e sejam fiéis ao estabelecimento.
Quais são os seus planos para o futuro?
Neste ano, estou iniciando dois novos projetos: a Farmácia Autogerenciável, onde atuo com treinamentos para donos de Farmácias, treinamento para líderes, e também com programas de Business Coaching para transformar os proprietários em empresários. Acredito que a mudança de atitude do farmacêutico faz ele ter melhores resultados em sua Farmácia, por isso, reuni coachs com experiência no mundo corporativo para trabalhar a mentalidade e consequentemente, gerar maior prosperidade em suas vidas e em sua Farmácia. Gosto muito da essência deste projeto e acredito que traremos muitas mudanças para o varejo farmacêutico com ele. Outro projeto é a IVEN Consultoria, uma sociedade com o Dr. Vitor Costa. Nessa empresa, trabalhamos consultoria e mentoria para Farmácias, aplicando ferramentas de gestão e marketing para auxiliar os proprietários de pequenos e médios estabelecimentos a mudarem seus resultados.
Leia mais na 128ª edição da "O Farmacêutico em Revista". Acesse!